CONFERÊNCIAS FAMILIARES EM CUIDADOS PALIATIVOS

As conferências familiares surgem como instrumento de comunicação entre profissionais de saúde e utente/família/cuidadores, que experienciam uma doença grave e/ou incurável, sendo entendido como instrumento complementar para a excelência nos cuidados.

Fineberg (2005) define as conferências familiares como:

[…] a meeting which involves a number of family members, the patient and hospital personnel in discussions concerning the patient´s illness, treatment and plans for their discharge or their care outside the hospital (p. 858).

Assim, a conferência familiar resulta da ação coordenada de uma equipa interdisciplinar, com objetivos em comum e com enfoque no utente e família (Fineberg, 2005).
São objetivos da conferência familiar: – a partilha de informação; – clarificação da informação; – comunicação de más notícias; – conhecimento da dinâmica familiar; – e estabelecimento de laços/vínculos com a família. Esta estratégia de comunicação visa: – ir ao encontro das preocupações emanadas pelo utente/família; – discutir opções de tratamento; – negociar decisões; – tomar decisão; – resolver problemas (CF. Fineberg, 2005; CF. Neto, 2003).

Ao facilitarem a comunicação, as conferências familiares são promotoras da coesão familiar e suporte, já que ampliam e qualificam o conhecimento do utente/família/cuidadores sobre aspetos relacionados com a condição de saúde do utente, encorajando a participação ativa nos cuidados.

As conferências familiares facilitam a tomada de decisão, diminuem o conflito entre profissionais de saúde e utentes/famílias e melhoram a qualidade nos cuidados. Também os estudos realizados por Hudson e colaboradores (2008) evidenciaram que as conferências familiares são um instrumento de interação entre doente/família e profissionais de saúde

As conferências familiares marcam a transformação do paradigma centrado no médico, enquanto detentor do saber, para o paradigma holístico/ global.

Verifica-se um progressivo envolvimento e responsabilidade das pessoas pela saúde […]. O relacionamento entre os profissionais de saúde e o doente tem vindo, assim, lentamente a passar de uma relação unilateral, em que os primeiros decidiam tudo sobre o segundo, para uma relação bilateral em que o doente toma parte activa nas decisões que lhe dizem respeito a si primeiramente. (Pacheco, 2004, p.98).

Após revisão dos pressupostos inerentes às conferências familiares ressalvo o protocolo de Buckman (CF. Kaplan, 2010) para a comunicação de más notícias.

Breaking bad news is a complex communication task, but following the stepwise sequence of the SPIKES protocol can help ease the distress felt by both parties: the patient, who is receiving the news, and the healthcare professional, who is breaking the news. Key components of the SPIKES strategy includes demonstrating empathy, acknowledging and validating the patient’s feelings, exploring the patient’s understanding and acceptance of the bad news, and providing information about possible interventions. Having a plan of action provides structure for this difficult discussion and helps support all involved. (Kaplan, 2010, p.515-516).

Comunicar por si só não é tarefa fácil. Tratando-se de más notícias, a complexidade é acrescida. Cada situação é única e, por isso, os profissionais de saúde devem adaptar-se às particularidades dos utentes/famílias, alicerçados em conhecimentos técnicos e científicos e em práticas baseadas na evidência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FINEBERG, I. (2005). Preparing professionals for Family Conferences in palliative Care: Evaluation Results of an Interdisciplinary Approach. Journal of Palliative Medicine. Vol. 8, nº 4, p. 857- 866.

KAPLAN, M. (2010). SPIKES: A Framework for breaking bad news to Patients With Cancer. Clinical Journal of Oncology Nursing. Vol. 14, nº 4, p. 515-516.

NETO, I. (2003). A conferência familiar como instrumento de apoio à família em cuidados paliativos. Revista Portuguesa de Clínica Geral. Vol.19, p.68-74.

PACHECO, S. (2004) – Cuidar a pessoa em fase terminal: perspectiva ética. 2ª ed. Loures: Lusociência.

Maria de Fátima Pires Ribeiro Imperadeiro
ACES Cávado II Gerês Cabreira
Enfermeira Especialista em Enfermagem de Reabilitação