A Diabetes é uma doença crónica, caracterizada por um aumento dos níveis de glicose no sangue, resultante de uma insuficiente produção e/ou uma insuficiente ação da insulina.

É uma doença complexa e progressiva, associada ao estilo de vida e ao envelhecimento da população, resultando em diversas implicações negativas na saúde das pessoas, na sua qualidade de vida e também a nível económico quer para o utente quer para o sistema nacional de saúde.

É cada vez mais prevalente a nível mundial. Estima-se que existam 537 milhões de pessoas adultas com diabetes, o equivalente a 1 pessoa em cada 10, com a doença. A diabetes provocou 6,7 milhões de mortes em 2021.

Em Portugal, de acordo com o Observatório Nacional da Diabetes, a prevalência estimada da diabetes, em idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,8 milhões de indivíduos) foi, em 2021, de 14,1% o que se traduz em que cerca 1,1 milhões de portugueses, neste grupo etário, tem a doença.

Em média na última década, foram diagnosticados anualmente 670 novos casos de Diabetes por cada 100 mil residentes em Portugal Continental o que corresponde a uma prevalência muito elevada. A maior parte corresponde a casos de Diabetes tipo 2, muitos dos quais podem ser prevenidos ou atrasado o seu aparecimento através da adoção de um estilo de vida saudável.

Tipos de Diabetes

Existem vários tipos de Diabetes sendo os mais frequentes a diabetes tipo 1, a Diabetes Tipo 2 e a Diabetes Gestacional.

Diabetes tipo 1

É inevitável, de inicio súbito e de causa autoimune ou desconhecida, na qual o pâncreas deixa de produzir insulina devido à destruição das células β. É necessário usar insulina para controle da doença. Corresponde a 5-10% dos casos de Diabetes e é geralmente mais comum em crianças e jovens.

Diabetes Tipo 2

Os principais fatores de risco são a obesidade, o sedentarismo, a hipertensão arterial e o excesso de colesterol no sangue. O pâncreas deixa de produzir insulina, ou não produz insulina suficiente, para o organismo associada a insulinorresistência (ação da insulina diminuída). Para controle da doença é necessário usar antidiabéticos orais, e/ou insulina. É o tipo de Diabetes mais frequente correspondendo a mais de 90 % dos casos.

Diabetes Gestacional

“Intolerância aos hidratos de carbono de grau variável, que é diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez” (Norma da Direcção-Geral da Saúde nº007/2011 – Diagnóstico e conduta na Diabetes Gestacional). Geralmente é transitória.

A investigação científica, na área da Diabetes, tem tido inúmeros avanços ao nível do conhecimento da patologia, novas tecnologias e terapêuticas. No entanto torna-se cada vez mais desafiante o controle desta doença pela sua complexidade e aumento da prevalência.

A consciencialização das pessoas e o seu envolvimento ativo na prevenção e controle da diabetes são fundamentais.

A diabetes tipo 2 é ainda subdiagnosticada.  Muitas pessoas são portadoras de Diabetes, pré-Diabetes ou tem um risco aumentado de desenvolver a doença e desconhecem o problema.

Na prática diária dos cuidados de saúde primários (nos Centros de saúde), de forma a haver um diagnóstico precoce   da diabetes, faz parte da rotina nas consultas de saúde dos adultos não diabéticos, a avaliação do risco de diabetes tipo 2 dentro de 10 anos, através da aplicação do formulário existente nos Programas de Registo Informático Médico e de Enfermagem (S. Clínico).

Questionário “Finnish Diabetes Risk Score”- fonte S. Clinico

Desse formulário fazem parte, como mostra o quadro, as  questões  da idade, o Índice de Massa Corporal( IMC), o perímetro abdominal (tendo em conta se se trata de um homem ou uma mulher), se a pessoa pratica exercício físico pelo menos 30 minutos de exercício físico diário, a frequência de consumo de frutas e/ou legumes, se a pessoa  toma medicação para a hipertensão arterial, antecedentes  de níveis elevados de açúcar no sangue; história de familiares próximos  a quem foi diagnosticado diabetes tipo 1 ou 2.

O Grau de risco de Diabetes tipo 2 dentro de 10 anos pode ser baixo, ligeiro, moderado, alto ou muito alto.

A pontuação resultante permite definir estratégias de orientação da intervenção do profissional que faz a avaliação, de acordo com a Direção Geral de Saúde.

Em caso de Risco baixo e ligeiro (<11 pontos) – Deve haver uma reavaliação de 3/3 anos

Para o Risco moderado- 12 a 14 pontos – recomendadas alterações de estilo de vida; avaliação anual

Para os Riscos alto e muito alto – resultado igual ou maior a 15 valores- recomendadas alterações de estilo de vida; análise ao sangue com prescrição médica; orientação médica conforme resultado de análises.

Na internet também é possível avaliar o risco de Diabetes tipo 2 através de:

De acordo com o Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes (Circular normativa nº23 de 14.11.2007) consideram-se como possuidoras de risco acrescido de desenvolvimento de diabetes as pessoas com:

  • Excesso de peso (Índice de Massa corporal ≥25) e Obesidade (IMC≥30).
  • Obesidade central ou visceral (Perímetro abdominal no Homem ≥94 cm e na Mulher ≥80 cm)
  • Idade ≥45 anos se europeus e ≥35 anos se de outra origem/região do mundo.
  • Vida sedentária.
  • História familiar de diabetes, em primeiro grau.
  • Diabetes gestacional prévia.
  • História de doença cardiovascular prévia: Doença cardíaca isquémica, doença cerebrovascular e doença arterial periférica.
  • Hipertensão arterial.
  • Dislipidemia (presença de níveis elevados de gorduras no sangue)
  • Intolerância à glicose em jejum e diminuição da tolerância à glicose, prévias.
  • Consumo de medicamentos que predisponham à diabetes.

O dia mundial da Diabetes comemora-se a 14 de novembro com a finalidade de sensibilizar para a importância da prevenção da doença e das suas complicações.

É possível prevenir a Diabetes através de mudanças no estilo de vida quer a nível de comportamento alimentar e de exercício físico de forma a diminuir os fatores de risco controláveis como são o excesso de peso e a falta de atividade física.

No caso da pessoa já ter o Diagnóstico de Diabetes também é possível prevenir as complicações através da adesão ao regime terapêutico que implica a toma correta da medicação, regras de alimentação e de exercício físico de forma a minimizar o impacto da doença.

Referências bibliográficas:

Diabetes factos e números-Relatório anual do observatório nacional de diabetes, Edição 2023

Circular Normativa Nº23/DSCS/DPCS de 14.11.2007- Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes

Informação da DGS Nº001/2013 de 19.02.2013- Processo Assistencial Integrado da Diabetes Mellitus tipo 2

https://www.sns.gov.pt/noticias/2018/06/08/calculadora-de-risco-da-diabetes-3/-22.01.2024

Programa Nacional para a Diabetes, Desafios e Estratégias 2023

 

 

 

 

 

 

Enfermeira USF Vida +, Centro de Saúde de Vila Verde, ULS Braga