Todos sabemos que os bebés precisam de cuidados básicos tais como alimentação, higiene, sono etc… Mas não são apenas estes os cuidados que o bebé precisa para crescer de forma plena e saudável, a necessidade de contacto é essencial ao desenvolvimento do bebé, é uma necessidade tão básica como comer ou dormir.  Os pais sabem-no por instinto, principalmente as mães, por isso abraçam os seus filhos, embalam-nos, acariciam-nos porque sentem no seu intimo que isso é bom para ambos. O bebé precisa desse estímulo cutâneo, do contato pele a pele, mas por desconhecimento, por mitos ou crenças, poderá ser desvalorizado e até desaconselhado, não vá o bebé ficar “mimado ou com manhas”.

Uma forma simples de proporcionar esse estímulo sensorial aos bebés é através da massagem. Ao massajar os filhos, os pais transmitem-lhes todo o amor que sentem através do toque das suas mãos e dos olhares que trocam.

A arte de massajar os filhos faz parte da cultura e tradição mais antigas de muitos países, especialmente no oriente. Nos países ocidentais esta prática foi abandonada, mas nos anos 70 Frédérick Leboyer, obstetra francês a trabalhar na índia, observou uma mãe pobre, paraplégica, sentada a massajar o seu filho, ficou encantado com o que viu, a mãe e o filho numa grande interação na qual era visível o amor da mãe e a felicidade do bebé. Percebeu que a técnica da massagem na India era transmitida por tradição, de mães para filhas, para elas saberem massajar os bebés delas quando nascessem. Essa mãe paraplégica chamava-se Shantala, nome que Leboyer deu a essa técnica de massagem em homenagem à jovem mãe.

Na mesma época, Vimala Schneider, uma mulher norte americana, também a trabalhar em instituições de acolhimento de crianças na Índia, observou o mesmo. Nessas instituições a massagem era ensinada e dada pelas crianças mais velhas às mais novas e também se podiam observar os benefícios, as crianças sentiam-se felizes e confiantes, apesar da falta de condições e pobreza.

De regresso aos EUA, Vimala Schneider fundou a Associação Internacional de Massagem Infantil (AIMI), desenvolveu um programa de ensino da massagem indiana à qual incorporou métodos suecos e de reflexologia e movimentos de yoga adaptados aos bebés, formou educadores para replicarem o programa. Hoje em dia, esse programa foi difundido em muitos países e muitos são os locais onde os pais podem aprender essa técnica de massagem com os seus bebés.

A massagem consiste num conjunto de movimentos rítmicos, sequenciais, delicados, mas simultaneamente firmes, e o mais importante, carregados do amor que os pais/mães sentem pelos seus filhos.

Desde então foram vários os estudos que têm demonstrado as vantagens da massagem infantil, alguns efetuados em bebés prematuros tendo-se verificado maior incremento de peso, melhoria dos valores de oxigenação no sangue, diminuição do tempo de internamento, entre outros. Verifica-se uma aceleração do processo de mielinização do cérebro e sistema nervoso, melhoria da coordenação motora do bebé. Ajuda o bebé a integrar e gerir o excesso de estímulos sensoriais do meio, regulando as suas respostas perante estes excessos. Diminui o nível de tensão e stress que o bebé possa acumular ao longo do dia. Reduz as cólicas e melhora o sono. Melhora o sistema imunitário do bebé, aumenta o seu bem-estar.

Mas as vantagens da massagem infantil também se repercutem nos pais. Melhoram a perceção das necessidades do bebé, sentem- se mais relaxados e aprimoram a comunicação com os seus filhos.

Os vários estudos acerca deste tema demonstram que massajar um bebé não é só divertido, nem é um luxo, é mesmo uma questão de saúde física e mental.

Existem hoje em dia vários locais onde é possível aos pais/mães apenderem a técnica da massagem infantil.  Em alguns Centros de Saúde, nas Unidades de Cuidados na Comunidade, existem cursos de massagem infantil gratuitos.

Maria de Fátima Nogueira Lopes, enfª

Especialista em Saúde Materna e Obstétrica