A 20 de Março comemora-se o Dia Mundial da Saúde Oral, uma iniciativa da World Dental Federation. As doenças orais encontram-se entre as doenças crónicas mais comuns a nível mundial.

A Organização Mundial de Saúde define saúde oral como “um estado livre de dores crónicas na boca e no rosto, de cancro oral e de garganta, de infeções e feridas orais, de doença periodontal de cárie dentária, de perda dentária e outras doenças e distúrbios que limitam a capacidade de um indivíduo morder, mastigar, sorrir, falar e bem-estar psicossocial”.

Atualmente a saúde oral é um importante problema de saúde pública devido ao impacto sobre a saúde, desenvolvimento e bem-estar das crianças e jovens, podendo interferir drasticamente com o seu crescimento.

Por outro lado, também a qualidade de vida dos adultos e seniores pode estar gravemente comprometida em consequência do mesmo problema, uma vez que influencia os seus níveis de saúde, de bem-estar, de qualidade de vida e são vulneráveis a estratégias de intervenção conhecidas e comprovadamente eficientes.

O consumo de açúcar está diretamente relacionado com o aparecimento de cáries dentárias (devido à metabolização por parte das bactérias presentes na boca) e com o desenvolvimento de diabetes tipo 2 e obesidade (FDI, 2014 e Patel, 2012).

Uma lavagem eficiente, através da escovagem diária dos dentes com um dentífrico com flúor (durante o dia e ao deitar) e do uso do fio dentário, é eficaz na prevenção da cárie dentária.

Porém, existem outros fatores considerados fatores de risco no desenvolvimento de doenças do foro oral, como é o caso do consumo de álcool, tabaco e também a idade (Miguel e Sá, 2010).

O consumo de álcool em quantidades elevadas leva a uma deterioração da saúde oral, apresentando caries dentárias significativas, gengivites, alterações dos tecidos moles, erosão dos dentes e ainda aumento do risco de doença periodontal (Patel, 2012).

O consumo de tabaco é considerado um fator de risco altamente significativo no desenvolvimento de doenças orais. É um dos principais fatores de risco no desenvolvimento de cancro oral.

O tabaco é também responsável por retardar o processo de cura de feridas e a resposta autoimune a infeções da cavidade oral.

Durante a gravidez pode levar a malformações congénitas, como é o caso da fenda palatina que consiste na abertura da parte superior do céu boca (o palato) que causa uma abertura anômala para dentro do nariz (FDI, 2014 e Patel, 2012).

Relativamente à idade, é natural que com o passar dos anos surjam problemas com os dentes, que implicam restauração dos mesmos, o que vai aumentar a probabilidade de doenças periodontais.

A saúde oral é essencial para a saúde geral e por isso não deve ser analisada de forma individual. Os fatores de risco enunciados anteriormente são também fatores de risco para outras doenças e, por essa razão, podem surgir doenças como: diabetes, doenças cardiovasculares, infeção por Vírus do Papiloma Humano, doenças do foro respiratório, partos prematuros, entre outras, que podem agravar o estado da saúde oral.

O Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral (PNPSO) é coordenado pelo Coordenador Nacional, apoiado por uma equipa técnica da DGS, a nível local a coordenação é da responsabilidade da Unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde e desta forma o PNPSO 2021-2025 pretende fundamentalmente promover a saúde oral ao longo da vida, com eficiência, equidade e tendência para a universalidade, melhorando o estado de saúde oral da população através da redução das doenças orais, as quais são altamente vulneráveis às medidas de prevenção.

O PNPSO abrange:

  • Mulheres grávidas em vigilância pré-natal no Serviço Nacional de Saúde;
  • Crianças de 4, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14 anos;
  • Jovens de 16 e 18 anos;
  • Beneficiários do Complemento Solidário que sejam utentes do SNS;
  • Utentes portadores de VIH/SIDA;
  • Utentes portadores de lesão suspeita de cancro oral;
  • Utentes de unidades de saúde do Sistema Nacional de Saúde que dispõem de estomatologista ou médico dentista.

Deste modo, as atividades da Saúde Pública visam reforçar o sistema de ação e as melhorias nos serviços de saúde com o objetivo de manter os cidadãos saudáveis, melhorar a sua saúde e bem-estar e prevenir a sua deterioração.

Isilda Oliveira – Enfermeira Generalista

Unidade de Saúde Pública – ACeS Cávado II – Gerês/Cabreira

Fontes: Cruz, G. (2014). Oral health disparities: Opportunities and challenges for policy communication.

FDI. (2014). Oral Health – Worldwide. Switzerland: FDI World Dental Federation.

Miguel, L., e Sá, A. (2010). Cuidados de Saúde Primários em 2011-2016: reforçar, expandir. Plano Nacional de Saúde 2011-2016. Lisboa: Ministério da Saúde

Patel, R. (2012). The State of Oral Health in Europe. Platform for Better Oral Health in Europe. Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral 2021-2025, Lisboa, maio, 2021.