Perceção dos alunos sobre a temática do Bullying
A equipa de Saúde Escolar da UCC Amares, com o apoio do Agrupamento de Escolas de Amares, desenvolveu nos meses de outubro e novembro 2021 ações de prevenção da violência em contexto escolar: “Bullying – ser um bystander ativo” a todas as turmas de 5º, 6º e 7º ano do Agrupamento. Após o término da intervenção com as turmas, solicitou-se aos alunos/as que preenchessem um questionário online (Google Forms), de forma voluntária, acerca da temática do Bullying.
A amostra foi constituída por 315 estudantes, correspondendo a 65% da população-alvo (dos 482 possíveis), o que pode ser indicativo de que a população segue o comportamento da amostra estudada.
Relativamente à caracterização da amostra, como se pode observar no gráfico 1, dos 65% de estudantes que aceitaram participar, 150 eram do género feminino (48%) e 165 (52%) do género masculino.
Gráfico 1: Percentagem dos alunos por Género
No gráfico 2 pode visualizar-se que o 7º ano foi o mais representado com um total de 129 estudantes (41%), seguido 6º ano com 97 estudantes e por fim o 5º ano com 86 estudantes.
Gráfico 2: Ano escolaridade que frequenta
Relativamente à presença na ação de sensibilização, 80% (251) dos estudantes confirma ter participado na ação de sensibilização e 20% (64) não participou, tal como pode ser observado no gráfico 3. A ausência destes 20% prendeu-se na sua maioria com situações de doença covid-19 ou isolamento profilático.
Gráfico 3: Participação na ação de sensibilização
Quando se questionou os estudantes sobre se consideraram a ação de sensibilização importante, pode verificar-se no gráfico 4 que 99% (313) dos mesmos considerou importante e apenas 1% (2) não reconheceu importância.
Gráfico 4: Importância da ação
Através do gráfico 5 pode visualizar-se que a grande maioria dos estudantes (312) classificou o grau de importância da ação ≥6, numa escala de 1 a 10, sendo que 1 correspondia a “não considera nada importante” e 10 correspondia a “considera muito importante”. Podemos também verificar que 74% (232) dos alunos atribuiu a classificação máxima.
Gráfico 5: Classificação da Importância da ação
No quadro 1 podemos vislumbrar as respostas dos estudantes relativamente à perspetiva deles sobre o que é o “bullying”. Conseguimos verificar que as questões relacionadas com a humilhação foram as mais referidas com 172 enumerações, seguidas das questões de violência física, como por exemplo bater ou agredir com 139 enumerações.
Quadro 1 – Respostas dos (as) alunos (as) relativas à questão: O que entendes por bullying?
Unidades de contexto | Unidades de registo | Unidade de enumeração |
Bater/agredir/magoar/maltratar/violência | 139 | |
Humilhar/Ofe
nder/Gozar/Provocar tristeza/Provocar sofrimento/Insultar/Menosprezar/Discriminar/Desrespeitar |
172 | |
Ameaçar/Assustar/coagir/Intimidar | 17 | |
Não respeitar a intimidade/privacidade/forçar toques | 3 | |
TOTAL | 331 |
Como se pode verificar no gráfico 6, 23% (73) dos estudantes referiram já ter sido vítimas de bullying, 13% (41) preferiram não responder e 64% (201) assume nunca ter sido vítima. Estes resultados vão de encontro ao relatório da UNESCO (2019) “Behind the numbers: Ending school violence and bullying”, que envolveu 144 países, em que 1 em cada 3 crianças terá sido vítima de bullying no último mês.
Gráfico 6: Vítima de bullying
Por outro lado, no gráfico 7 podemos visualizar que 91% (288) dos estudantes afirmaram nunca ter sido agressores, 5% (14) preferiram não responder e 4% (13) assumiram ter sido agressores. Durante a ação de sensibilização foi trabalhado com os estudantes as repercussões do bullying para todos os interveniente, uma vez que o bullying é um problema de grande dimensão, que afeta toda a sociedade direta ou indiretamente, tendo fortes repercussões sobre quem agride, quem sofre e quem assiste a este fenómeno (António e Outros, 2012).
Gráfico 7: Agressor
Durante a intervenção foi explicado aos estudantes os termos bystander ativo e bystander passivo, no entanto, quando questionados sobre a definição de “Bystander ativo”, tal como se pode verificar no gráfico 8, 58% (182) dos estudantes responderam acertadamente, sendo que 42% (133) erraram a definição, o que nos indica que este assunto não ficou percetível para todos. O objetivo de uma intervenção ativa por parte dos bystanders é promover o entendimento de que todos os membros da comunidade devem, através da intervenção ativa, desafiar os comportamentos abusivos e normas sociais que toleram as diferentes formas de violência (Magalhães e Outros, 2014).
Gráfico 8: Conceito bystander ativo
A última questão do questionário dizia respeito a estratégias possíveis para combater o bullying na escola. Através da observação do quadro 3, podemos averiguar que as estratégias mais referidas pelos estudantes, numa tentativa de diminuir o bullying na escola, foram “Castigos mais pesados para os agressores/aulas de bom comportamento” com 62 enumerações; “Denunciar mais/pedir ajuda/ajudar” com 60 enumerações; “Ações/atividades de sensibilização sobre o tema” com 39 enumerações e “Mais funcionários para vigiar” com 35 enumerações.
Quadro 3 – Respostas dos (as) alunos (as) relativas à questão: O que pensas que poderia ser realizado para diminuir as situações de bullying na escola?
Unidades de contexto | Unidade de registo | Unidades de enumeração |
Sugestão de Ações/atividades para diminuir bullying na escola |
Castigos (mais pesados) para os agressores/aulas de bom comportamento | 62 |
Denunciar mais/pedir ajuda/ajudar | 60 | |
Ações/atividades de sensibilização sobre o tema | 39 | |
Evitar andar sozinho/estar com amigos | 7 | |
Criar um “esquadrão anti-bullying” na escola | 1 | |
Mais funcionários para vigiar | 35 | |
Psicólogo disponível para atender as vítimas e os bullies | 8 | |
Atividades para os bullies mudarem comportamento | 3 | |
Câmaras de vigilância na escola | 6 | |
Falar com os pais dos bullies | 3 | |
Professores e funcionários mais atentos | 8 | |
Total | 232 |
Patrícia Ferreira
Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica
ACES Cávado II – Gerês/Cabreira
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Costa, P. e Outros (2013). Adolescentes Portugueses e o Bullying Escolar: Estereótipos e Diferenças de Género. Revista Interações. Nº25, 180-201.
Magalhães, C. e Outros (2014-2020). Bystanders – Prevenção do assédio sexual em contexto escolar Plano de atividades e guião para sessões. BYSTANDERS project was funded by the European Union’s Rights, Equality and Citizenship Programme.
UNESCO (2019) “Behind the numbers: Ending school violence and bullying”. ISBN 978-92-3-100306-6. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000366483
UNIÃO EUROPEIA (2016). Capacitar os jovens, eliminar o bullying. Manual ENABLE. Disponível em: https://www.seguranet.pt/sites/default/files/2019-05/Manual%20Enable.pdf