O trabalho em equipa é o modo mais eficaz de cumprir tarefas complexas, aumentando a produção, a performance individual e organizacional, a satisfação profissional e a capacidade de tomar decisões (CF.Goldsmith et al., 2010).

O trabalho em equipa é uma componente central quando falamos em qualidade nos cuidados, com reconhecidos ganhos em saúde, quer para o utente, quer para a própria equipa (CF Ghezeljeh et al, 2021). Do mesmo modo, ambientes organizacionais sem tradição no trabalho em equipa, com estruturas hierárquicas rígidas cujo empoderamento e participação equitativa dos membros não exista, são ambientes desfavoráveis à cooperação e compromisso das equipas (CF. Seok & Lee, 2021).

O trabalho em equipa é condição essencial para a excelência nos cuidados, uma vez que só assim se poderá responder às complexas necessidades do utente e família, minimizando eventos adversos, e promovendo uma cultura de segurança (CF. Zaheer et al, 2021). O trabalho em equipa deve ser contemplado nos currículos das universidades (CF Aase et al, 2021) no sentido de promover a aquisição de competências relacionais e comunicacionais.

Embora seja reconhecido empiricamente os seus benefícios, trabalhar em equipa não é tarefa fácil (CF. O’Connor et al, 2006). Vários fatores de natureza psicossocial, emocional e comunicacional devem ser trabalhados no sentido de conferir coesão à equipa, pelo que a inclusão sistemática de programas formativos com ênfase na comunicação inter e intrapessoal entre profissionais e com o utente/família devem ser implementados (CF. Adjey, 2022). A própria formação das equipas é também um enorme desafio que não deve ser minorado.

Rosenfield (1992 cit por Hermsen & Have, 2005) refere que quando se fala em trabalho em equipa, devemos ir para além da multidisciplinariedade e falarmos em transdisciplinaridade, ou seja, que os vários membros da equipa transcendam das bases conceptuais e metodológicas que lhes são próprias, tendo também em conta as perspetivas dos demais, com enfoque no utente e família, numa abordagem partilhada e abrindo caminho para novas alternativas/soluções aos problemas de saúde; em que, a consciência crítica “reflexivity” dos vários profissionais e seus respetivos contributos são igualmente importantes para a eficácia das equipas. Será importante não esquecer que cada elemento da equipa é um ser imbuído de valores e normas que norteiam a sua tomada de decisão, pelo que refletir sobre a tomada de decisão é fundamental para a qualidade nos cuidados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AASE, Ingunn; TJOFLÅT , Ingrid & URSTAD, Kristin Hjorthaug (2021). Using the ‘huddle’ to enhance interprofessional teamwork among nursing students through a podcast: a qualitative and exploratory pilot. BMC Nursing, vol. 20, nº235, s/pp. https://doi.org/10.1186/s12912-021-00747-4.

ADJEI, Nana Baah (2022). Implementing TeamSTEPPS® Training: Using Evidence to Impact Teamwork on a Medical-Surgical Unit. Nursing Continuing Professional Development, vol. 31, nº 1, pp.9-12.
GHEZELJEH,Tahereh Najafi; GHARASOFLO, Samira & HAGHANI, Shima (2021).

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HERMSEN, M. & HAVE, H. (2005). Palliative care teams: Effective through moral reflection. Journal of Interprofessional Care, vol. 19, nº 6, pp. 561-568.

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ZAHEER, Shahram; GINSBURG, Liane; WONG, Hannah J. ; THOMSON , Kelly; BAIN Lorna & WULFFHART, Zaev (2021). Acute care nurses’ perceptions of leadership, teamwork, turnover intention and patient safety – a mixed methods study Shahram. BMC Nursing, vol. 20, nº134, s/pp. https://doi.org/10.1186/s12912-021-00652-w.