O termo bullying foi definido por Olweus em 1993 como um comportamento que ocorre repetidamente e ao longo do tempo, numa relação caracterizada por um desequilíbrio de poder e/ou força, na qual o individuo é exposto frequentemente a ações negativas por parte de uma ou mais pessoas (Gomes, 2014). Considera-se importante salientar que os comportamentos agressivos são intencionais, e o objetivo do agressor é assustar, magoar, humilhar ou intimidar a vítima.
O bullying é um fenómeno que afeta crianças e adolescentes que frequentam as escolas de todo mundo, independentemente da localização, contexto social, económico ou cultural em que estão inseridas. De acordo com o relatório da UNESCO (2019) “Behind the numbers: Ending school violence and bullying”, que envolveu 144 países, 1 em cada 3 crianças terá sido vítima de bullying.
A problemática do bullying remete para uma disfunção multifatorial, mencionada em vários estudos sobre o assunto e, as suas variações estão relacionadas com a frequência, duração e forma, entre outros fatores (Costa, 2013).
Na literatura podemos encontrar a referência a vários tipos de bullying, nomeadamente bullying físico, sexual, verbal, social, homofóbico e cyberbullying. De mencionar que a violência psicológica está presente em cada uma destas formas de bullying.
O fenómeno do bullying tem vindo a ser alvo de estudos nos últimos anos, com intenção de compreender as suas diversas formas de manifestação, as suas consequências e as características dos/as seus/suas intervenientes. Podemos afirmar que o bullying é um problema de grande dimensão, que afeta toda a sociedade direta ou indiretamente, tendo fortes repercussões sobre quem agride, quem sofre e quem assiste a este fenómeno.
Importa referir que apesar das situações de vitimização serem presenciadas por terceiros, na maioria dos casos ninguém intervém e apenas em poucas situações é pedido ao/à agressor/a para parar com o seu comportamento (António e Outros, 2012).
Bystander é um termo inglês usado para definir qualquer pessoa que presencia/observa ou testemunha um ato de violência, mas que não está diretamente envolvido no incidente. Na realidade, a maioria dos bystanders são passivos, ou seja, ignoram ou não reagem perante uma situação de violência. Existe vários fatores que explicam esta atitude, como por exemplo, assumir que outra pessoa agirá, ou mesmo medo de ser também alvo de violência, ou não saber como deve agir (Magalhães e Outros, 2014).
O objetivo de uma intervenção ativa por parte dos bystanders é promover o entendimento de que todos os membros da comunidade devem, através da intervenção ativa, desafiar os comportamentos abusivos e normas sociais que toleram as diferentes formas de violência. Com esta abordagem pretende-se transformar as culturas de silêncio e aceitação tácita, em culturas nas quais há uma crescente vontade de falar e denunciar a violência (Magalhães e Outros, 2014).
Neste sentido, a equipa de Saúde Escolar da UCC Amares, com o apoio do Agrupamento de Escolas de Amares, desenvolveu nos meses de outubro e novembro 2021 ações de prevenção da violência em contexto escolar – “Bullying – ser um bystander ativo”– a todas as turmas de 5º, 6º e 7º ano do Agrupamento. No mês de Dezembro, foi realizada uma exposição na biblioteca da EB 2/3 de Amares com os trabalhos das turmas que se intitulou “Manta de Retalhos da Diversidade”, com o objetivo de alertar toda a comunidade escolar para a importância de compreender e respeitar a diferença.
Patrícia Ferreira
Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica
ACES Cávado II – Gerês/Cabreira
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
António, R. e OUTROS (2012). Bullying Homofóbico no contexto escolar em Portugal. Psicologia. XXVI 17-32.
COSTA, P. e OUTROS (2013). Adolescentes Portugueses e o Bullying Escolar: Estereótipos e Diferenças de Género. Revista Interações. Nº25, 180-201.
GOMES, A. (2014). Bullying transfóbico: experiências de discriminação e violência de pessoas trans em contexto escolar. [Master´s thesis, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto].
MAGALHÃES, C. e OUTROS (2014-2020). Bystanders – Prevenção do assédio sexual em contexto escolar Plano de atividades e guião para sessões. BYSTANDERS project was funded by the European Union’s Rights, Equality and Citizenship Programme.
UNESCO (2019) “Behind the numbers: Ending school violence and bullying”. ISBN 978-92-3-100306-6. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000366483